O babete peludo

Exercício de "Mostrar, não dizer" - mostrar que um homem tem uma farta barba branca, não o dizendo com todas as letras:

Bateram à porta e deparei-me com um homem de boina. Porém, não foi a boina já fora de moda que me feriu os olhos, mas sim o reflexo, nascido do raio de sol vindo da janela, que me encadeou. Abaixo da boina viam-se uns olhos azuis, um nariz proeminente e onde está a boca? Estava escondida como se tivesse uma chucha e o pescoço também, como se estivesse com um babete. Era impossível saber se tinha algum colar. A chucha e o babete eram feitos de pêlo grosso com a cor desgastada a combinar com o cabelo. Não pintava nem o cabelo, nem o babete, ficando evidente a idade do homem. Ele disse que se chamava André e perguntou-me se o correio não tinha entregue uma encomenda para ali. Disse-lhe que, com efeito, mais cedo o correio tinha vindo com uma encomenda para um André e ninguém dali tinha aquele nome. Ele confirmou que era dele, eu entreguei-lha e ele abriu-a ali mesmo. Era um kit para a barba: shampoo, condicionador, óleo finalizador e um pente robusto de madeira. Bem eu tinha reparado que o babete do senhor André estava muito bem cuidado. Antes de ele se ir embora perguntou-me se eu tinha filhos. Eu respondi que não, ao que ele contou que trabalhava em dezembro num centro comercial a fazer de Pai Natal e que se eu tivesse rebentos poderia lá levá-los para o verem.

Imagem ilustrativa. Este senhor não parece ter o relvado branco muito bem cuidado.

Imagem ilustrativa. Este senhor não parece ter o relvado branco muito bem cuidado.

PEGA LADRÃO - Best of 3/3

EPISÓDIO 3/3 - A saga dos produtos eletrónicos na Pixmania

A Pixmania ainda existe no Saldanha Residence? Bom, fomos lá levantar uns produtos eletrónicos (incluíndo uma depiladora elétrica. O que é que isto tem de relevante? Nada.) que tínhamos encomendado online. Pagámos e tal, e fui eu que peguei no saco para sair. Passei pelos alarmes e começou a apitar. Os gajos da loja levantaram-se, tal suricatas, até que um dos empregados se lembrou que não tinha tirado os alarmes dos produtos eletrónicos. Lá fui eu ao balcão para tirarem os alarmes todos e oiço uma senhora random a dizer algo do género “Podia processá-los… Não se faz…”. Conclusão: Deu-me vontade de dar um abraço à senhora. Ou então estava a referir-se a nós...

Realmente, em todos os episódios sofri danos morais e psicológicos. Hoje em dia ainda penso que há gente que efetivamente acha que eu roubei os frutos secos, a camisola e os produtos eletrónicos…

PEGA LADRÃO - Best of 2/3

EPISÓDIO 2/3 - A saga da camisola da C&A no Colombo

No ano passado lá para Dezembro comprei uma camisola na C&A do Colombo. Ok, até aqui tudo bem… Depois disso, já em Janeiro acho eu, de vez em quando, reparava que quando passava em alarmes de lojas eles apitavam. Nunca dei conta que era sempre quando vestia aquela camisola.

Num lindo dia estava no Colombo, entrei em várias lojas, nalgumas apitava, noutras não. Pensava que podia ser tudo menos a camisola. Entrei na C&A. Não apitou. Apitou a sair e para meu azar o segurança mandou-me parar. Fizemos a dança de passar tudo e mais alguma coisa pelo alarme até que se chegou à conclusão que era eu que apitava e não os meus derivados. Estava confusa e acho que disse “Será que é a capa do telemóvel? Não sei o que poderá ser”. O segurança, já experiente em identificar furtos, quis ver a camisola que tinha vestido. E não é que juntamente com a etiqueta que diz as instruções de lavagem estava lá uma com o alarme? E não é que uma das etiquetas tinha lá o símbolo da C&A? Detalhe: nem sequer me lembrava que a camisola era dali. Pensei “Foda-se e tinha que ser barrada logo aqui? É claro que o homem vai pensar que eu roubei isto…”. Nem me passou pela cabeça que podiam ver as imagens da câmara de segurança e constatar que estava tudo certo. Ele pergunta-me “Quando é que comprou a camisola?”. E eu “Ainda foi antes do Natal”. Ele fez meio que uma careta e mandou-me seguir.

Conclusão: o segurança não deve ter achado que aquilo era teatro. Se fosse eu era muito boa atriz. Ou então não se quis chatear e ainda hoje pensa que sou uma ladra…