Já cheira a Natal! Sniff, sniff… Afinal cheira é a borracha queimada…

Já só faltam os folhetos cheios de brinquedos na caixa do correio (alguns até têm quadradinhos ao lado de cada brinquedo para as crianças “escolherem”. Deve ser difícil ser mãe/pai nesta época do ano…) com a Popota e a Leopoldina. Eu pensava que a Leopoldina já não existia e só havia a Popota. Pelo que vejo a Leopoldina agora só trabalha em acções de caridade. Mas parece mais nova, está toda enxuta. A Popota é para as badalhocas. *GASP* Foi forte eu sei, mas epá, não sei porquê, mas nunca a achei fofa. Tem um bocado a mania que é boa. Será que as meninas hoje em dia já não se reviam na Leopoldina e por isso fizeram a Popota (até para reafirmar que as gordinhas também têm o seu espaço? Para quem estude Sociologia, têm aqui uma ideia de tese.). O que não se fala é da quantidade de cocó que ela deve deitar cá para fora. No final das contas estamos a falar de um hipopótamo (até põem um aviso "Splatter Zone" nos Jardins Zoológicos).

Sabe-se que é Natal porque à noite é só anúncios publicitários de perfumes. Sim, aqueles anúncios que tu começas a ver e te perguntas “Isto é sobre o quê?” são geralmente de perfumes. Ai, Valentina, Valentina… Quando era pequerrucha, de manhã, era uma enchente de anúncios de brinquedos: Super Projector Mickey (pesquisei e agora só há no Custo Justo. “O Pluto, Mickey, Minnie e muitos mais. SUPER PROJETOR MIIICKEY!!!” Estas músicas ficam na cabeça tanto como a do Bongo. Quem nunca tentou cantar com os nomes das frutas todas por ordem?), um nenuco que fazia xixi (“Pirolipipi, Pirolipipi, pipipipi. E faz xixi. Ele faz xixi Pirolipipi, Pirolipipi. Mammy pipipi” Quem quiser, há no OLX: https://www.olx.pt/anuncio/pirolipipi-o-boneco-que-faz-chichi-IDyzh7n.html#33dd9bd7a1), barcos dos piratas da lego que tu ficavas “Ena isto era giro era fazer como na publicidade, com água e tudo”, mas ouvias logo a voz da tua mãe “O que é tás a fazer com essa água? Olha para isto tudo molhado. Eu arrumo as coisas e é SEMPRE PRÁ MESMA DA HORA”… E para não fartar também havia publicidade para os mais velhos: artigos chiques da Art Gallery (que por acaso agora acho que se chama só Galeria) – anéis, relógios, conjuntos de loiça com acabamentos em ouro e blá, blá, blá, whiskas saquetas.

E sabiam, pessoas que não são desocupadas e não vêm televisão à hora do almoço, que nos intervalos das novelas repetidas e das “Tardes da Cocozinha” só dá publicidade do tipo televendas? É a fantástica Kleen Kut, chinelos ergonómicos, malas, um aparelhinho que se põe na perna e já não se tem dores nas costas, viagra genérico aprovado pelo Paulo Futre, Calcitrim aprovado pela Simone de Oliveira… Está aberta a caça ao velhinho que está em casa e acha tudo muito útil. Acho piada que em alguns artigos o gajo diz “Pode adquirir esta maravilhosa poia pelo preço que vê no ecrã!”. Podem pôr os preços que quiserem. E o pessoal que vê mal nem sequer fica a saber o preço.


P.S.: Não vejam o vídeo se estiverem a comer ou a beber algo. Pode haver uma desgraça ao nível do engasgamento e/ou de javardice para vocês depois limparem. “É QUE É SEMPRE PRÁ MESMA DA HORA. EU JÁ TINHA LIMPO O CHÃO”. De nada.

Quem tem boca pode não necessariamente parar em Roma

Então, vai ou não vai?

Era uma vez uma menina que estava à espera do seu transporte público marítimo quando uma mulher se aproxima e pergunta “Vous parlez français?” ao que a menina responde “Non”. A mulher fica uns 5 segundos a olhar para a menina sem saber se realmente ela sabe ou não francês para ajudá-la. Acaba por se ir embora. A menina nem se lembrou de lhe perguntar se ela sabia inglês. A menina sentiu vergonha própria (ainda por cima a menina tem uma vaga ideia que a senhora tinha um bebé ao pé. Ou então é o Sr. Sentimento de Culpa a torcer as memórias). 

A menina ficou com trauma de turistas. Tem mais medo de turistas do que de baratas. Vê um turista na rua e tenta logo não estabelecer contacto visual rezando para não pedirem direções. Quando esse pesadelo acontece, o nível de inglês baixa automaticamente para o A0. Parece coisa do diabo. E o diálogo parece tirado dos filmes do Mr. Bean: “Do you know how to get to Cu de Judas?” “Uh, well… It’s… It’s this way…” e aponta para não se sabe bem onde. O que vale é que normalmente os turistas fingem que percebem, vão nessa direção, mas para perguntar a outra pessoa.

E quando te perguntam (turista ou tuga mesmo) onde fica um sitio que tu estás fartinho de saber onde é e das duas três: ou te dá uma branca descumunal, ou indicas o caminho mais podre de que te poderias lembrar e depois da pessoa se ter ido embora é que te lembras “Ah porra, era só atravessar a rua e eu fui mandá-la dar a volta ao bilhar grande…”

E por falar em franceses, lembram-se daquela publicidade que dava na televisão do Brie Président (ou se calhar não era Brie mas sim outro tipo, não me lembro)? Eram uns turistas que estavam em Paris e o guia turístico leva-os a uma típica loja de queijos. E o que é que ele pede para mostrar os queijos típicos? Será um queijo mais para o artesanal? Não, pede um Brie Président que podes simplesmente comprar em qualquer supermercado de qualquer país! C'est genial!

(Vozinha vinda do além: “Será que não era esse mesmo o propósito da publicidade? Mostrar que o queijo deles é tão tradicional que pode ser mostrado a turistas como queijo típico E VOCÊ PODE COMPRÁ-LO EM QUALQUER LUGAR POR APENAS X EUROS?”, ao que eu respondo: “Shiu…”)


P.S.: Quando leram “E por falar em franceses” aposto que pensaram no mundial. E está a fazer trovoada ("a fazer"... quem? O São Pedro?).